terça-feira, 13 de novembro de 2007

A DISCUSSÃO CONTINUA



Regionalização divide personalidades do Norte

Debate juntou personalidades do Norte desafiadas pela TSF a comentar a perda de protagonismo da região

Carla Soares(JN)

Polémica quanto baste, a regionalização continua a dividir a sociedade nortenha, apesar do consenso que parece já existir no âmbito partidário sobre quais os melhores mapa e modelo. Num debate que ontem reuniu personalidades da região, houve opiniões para todos os gostos. Num extremo, Carlos Lage defende não haver outro caminho a não ser regionalizar. No outro, Ludgero Marques diz que aquela reforma só iria dividir e que é feita para a classe política.Tendo como cenário a Fundação de Serralves, no Porto, a TSF juntou para um debate várias figuras, entre as quais o presidente da instituição anfitriã, António Gomes de Pinho, que aposta na alteração do papel do Estado, e Joaquim Azevedo, responsável pelo centro regional da Católica, para quem as regiões beneficiariam o Interior. Na conversa, mas a partir de Lisboa, participou o empresário Pires de Lima, que prefere falar de descentralização."O Norte é uma atitude"A quem atribuir a culpa pelo actual estado da região? Ludgero Marques, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), considera que a responsabilidade é partilhada pelos vários agentes. "Nós temos todos culpa desta situação", resumiu. Mas a solução, em seu entender, não passa por regiões administrativas."O Norte é um posicionamento, uma atitude" e "é muito mais vasto do que aquilo que se pretende fazer com cinco, seis ou sete regiões", declarou Ludgero, recordando que foi "sempre anti-regionalista" e que defende, sim, a criação de "grandes metrópoles". "A regionalização é feita para os políticos", criticou ainda, preferindo uma "metropolização". Por outro lado, contrapõe, "se houvesse eficiência governamental, resolveria a situação".Já na opinião de Carlos Lage, o Norte "ainda tem um sentimento regional embrionário e as dificuldades pelas quais passa a região têm estruturado essa mesma consciência regional". Notando haver uma certa unanimidade em torno das cinco regiões, defendeu que o Norte e o Porto, em particular, "precisam da regionalização" para recuperar influência.Joaquim Azevedo concorda que "a questão da macrocefalia tem de ser colocada no âmbito político". E as "fatias horizontais" sugeridas pelas regiões-plano seriam benéficas para combater a "desigualdade Litoral/Interior"."Um dos caminhos para a reforma do Estado pode ser a descentralização", defendeu, notando que "a maneira como a regionalização foi [na altura do referendo] posta constituiu uma forma de a inviabilizar".Na hora de manifestar a sua opinião, Gomes de Pinho disse ser necessário, em primeiro lugar, "alterar o próprio papel do Estado na sociedade". Sobre a regionalização, não revelou no debate uma posição concreta. Questionado pelo JN, esclareceu ser contra, alegando que implicaria uma "diminuição da competitividade do país como um todo". Iria "dividir" e "reproduzir a nível regional os malefícios da burocracia do Estado central".Primeiro, propõe, há que definir as funções do Estado. Segundo, fazer uma "reforma profunda do modo como ele exerce essas funções", o que hoje "deixa muito a desejar". Discutir a regionalização "fazia sentido há 20 anos".

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